A chuva trouxe mais um dia cinza e chato, a vontade de estar lá fora se molhando é tão grande que não consigo deixar a janela aberta e olhar pra fora. Lembro quando tudo era tão fácil e os banhos de chuva interminaveis, bons tempos.
Deixei a desejar, errei. To sempre me cobrando por certas atitudes que quando percebo algo estranho que possa ter acontecido me decepciono profundamente e me culpo por isso durante tanto tempo depois. Estou cansado, confuso, esquisito. Tenho certos tipos de sensações que se opõe a meu modo de pensar, aliás, meus pensamentos tem se confrontado ultimamente. Tenho sonhos e desejos, medos e indecisões. Eu tenho caminhos verdadeiros e confusas decisões pra serem tomadas o mais breve possivel. Não posso esperar que alguém espere por mim muito tempo, por que eu talvez não esperaria. Enfim deixei meu coração chegar a um certo estado de calamidade e ódio. Nunca senti tantos sentimentos ao mesmo tempo e em tão pouco tempo. Queria sumir, sair, certas vezes penso em morrer, mas não seria o correto e fugir dos problemas não é o certo, tenho que enfrenta-los de frente, assim como eles me enfrentam. To cansado de fugir e me decepcionar, perceber depois bem depois que tomei o caminho errado, este é o fato pra tanta insegurança.
Por que quando a gente é crainça tudo é mais facil, pegar na mão da coleguinha de creche é o máximo, escrever e receber uma cartinha é lindo, encostar todo sem jeito a boca na boca dela é perfeito, sentir de verdade o que é o amor. Conforme eu fui ficando velho me tornei confuso, indeciso, desconfiado, a vida me fez crescer assim. Vi tantas vezes minha mãe chorar pelo meu pai, por ele ser um homem não tão bom pra ela e isso foi ficando guardado em mim pra um dia se libertar e se libertou. Criei escudos dentro de mim mesmo irreconheciveis o medo de amar e deixar ser amado é tão grande que me pego as vezes muito sozinho e sem saber pra onde andar e correr e fugir, nossa me tornei um covarde. Lembro também que todas as vezes que minha mãe chorou eu tantava acalma-la com um beijo ou um abraço, mas não adiantava muito. Um sorriso amarelo e algumas palavras de conforto não me davam certeza nenhuma de que ela ficaria bem, a noite então não passava e seus soluços também não me deixavam dormir. Acordava várias vezes a noite e a luz da cozinha estava aceza, vários copos d'água e um chá quente não podiam resolver seu problema, não aquele problema. Ela precisava de um amor verdadeiro. Até que eum dia vendo tudo aquilo se repetir pela milézima vez, prometi pra mim mesmo que nunca faria uma mulher se sentir daquele jeito por mim, prometi que seria o melhor marido possivel e o melhor namorado e o melhor homem da terra, que nunca ninguém choraria por certas atitudes que eu viria a ter. Durante muito tempo fui dormir pensando naquilo. No outro dia acordava demanhã cedo, colocava o uniforme da escolinha, espera o micro do tio Romário, que levava nós todos pra ipanema naquele creche gelada, onde todos tinham catapora por culpa de um coleguinha só, e onde eu podia fazer a minha garotinha feliz apenas segurando sua mão e lhe roubando um selinho escondido atrás do muro, por que era feio. Não pra mim mas pros Prof's. Enfim, uma criança de cinco ou seis anos de idade, era criança apenas durante o dia, denoite eu era mais homem que meu pai que insistia em magoar minha mãe.
Tudo isso cresceu comigo, e me acompanha. Mas o que eu fiz pra mudar?
Eu não fiz nada, prometi pra mim mesmo que seria diferente e a única coisa diferente que tenho de meu pai é o olho azul, o dele é castanho. Acompanhei os piores sentimentos que podiam existir a meu respeito, consegui transformar tantas vezes o amor em ódio, mas não me pergunte como, eu não sei. Hoje vejo que estou sendo o mesmo, e toda vez que acontece isso me lembro daquelas todas noites em que minha mãe chorava. Eu não quero isso pra mim, quero poder amar e ser amado, fazer alguém chorar de felicidade, de saudade, de amor. Infelizmente existem coisas que a gente não muda, a gente apenas omiti, eu sei que sou muito parecido com os piores monstros das histórias em quadrinhos que existem, mas posso omitir dentro de mim tudo isso, fazendo com que eu seja o mais belo bonzinho dessa trágica vida de dramas. Deixei muitas vezes corações partidos, e despedacei o meu tantas vezes também que ja não tenho mais aquela convicção de arriscar. Talvez por isso meus sentimentos se omitam junto com as coisas ruins que possam se libertar de dentro de mim, fazendo com que eu deisista ou mude de ideia tão fácilmente.
Posso ser o pior homem, e fazer com que certas pessoas descubram seus piores sentimentos comigo, mas com certeza também posso ser o melhor que você quiser. É só não errar nem arriscar, deixar acontecer. Eu tenho meus defeitos e qualidades, todo mundo tem, mas prefiro que as pessoas gostem de meus defeitos e descubram eles de forma natural. Não gosto de falar que sou e deixei de ser, até falo, mas é muito clichê, é a mesma coisa que chegar em uma loja e perguntar o por que aquela televisão de plasma de 58 polegadas é mais barata do que aquela de 26, a resposta que o vendedor dará é toda decorada com frases dificeis, e no fim a gente acaba comprando a de 58 por que ela é mais barata. Mas no fundo ele quis dizer que:
- Com certeza aquela mais cara não vai fazer você mudar de ideia tão cedo. E aquela mais barata vai te decepcionar com certeza e em pouco tempo.
Eu com certeza posso ser bem melhor do que eu ja fui com tantas, e eu quero ser.
Infelizmente hoje, não posso ser melhor nem comigo mesmo, por que o melhor pra mim era sumir e deixar tudo pra trás e sem satisfação. Mas eu estaria errando comigo e não só comigo.
Queria tanto ter todas as respostas, poder olhar pro futuro e ver se dará certo ou não, poder ter certeza de alguma coisa.
Enfim, me peguei numa fase e momento de arriscar mais uma vez, mas quem disse que eu não gosto.
Vai dar tudo certo, eu sei.
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